Encontro de alunos do Ensino Médio Integral tratou do racismo no ambiente escolar
A reunião de novembro dos Estudantes Porta-Vozes do Ensino Médio Integral, sexto e último encontro do ano entre os alunos que representam seus estados, teve a educação antirracista como tema central.
A conversa passou pela definição do racismo, com orientações para que os alunos possam reconhecer situações de discriminação no ambiente escolar – inclusive quando se trata de microagressões. Os estudantes delinearam diferentes formas de racismo, como preconceitos linguísticos, afronta a religiões de matriz africana, perpetuação de piadas ou brincadeiras discriminatórias e a manifestação de pensamentos e ideias que inferiorizam ou estereotipam pessoas.
Os estudantes aproveitaram o espaço seguro e de debate qualificado também para compartilhar experiências que já viveram – algumas delas, de racismo. Francielle, estudante de Sergipe, contou no encontro ter sido vítima de racismo e ter testemunhado um episódio em que seu pai foi alvo de discriminação. “Eu me descobri negra. Minha mãe é branca e meu pai é negro, mas não estava tão presente. Então eu sempre tive uma representatividade de pessoas brancas e de cabelo liso. Por muito tempo na infância, eu alisava o cabelo; depois, ele começou a cair, e eu passei a usar tranças (tranças que não eram feitas do meu próprio cabelo) para esconder o que estava acontecendo. Na 6ª série, uma menina me perguntou como eu lavava o cabelo e se eu tinha piolho”, contou. “Muita gente deixou de falar comigo porque achavam que as tranças eram sujas.”
Outros alunos também relataram histórias que deram concretude às caras que o racismo pode ter – dentro e fora da escola. A experiência de ser categorizado pela aparência e de receber apelidos pejorativos apareceu nos relatos. A discussão também contemplou condutas de acolhimento e ações de denúncia caso os estudantes presenciem ou sofram o racismo.
A construção de uma educação antirracista envolve toda a comunidade escolar, como destacaram os Porta-Vozes no encontro, que chamaram atenção também para a importância de levar o tema para dentro das escolas e levantaram iniciativas que podem contribuir para que as escolas sejam antirracistas.
Os porta-vozes são capacitados para liderar ações de protagonismo junto às equipes técnicas responsáveis pelo acompanhamento das escolas de Ensino Médio Integral. Eles participam da interlocução com a escola e com os gestores para que o olhar, as sugestões e as necessidades dos estudantes sejam levadas em conta.