Referencial pedagógico apoiado pelo Instituto Natura ajuda a repensar Anos Finais do Ensino Fundamental
Os Anos Finais do Ensino Fundamental enfrentam hoje desafios significativos: metade dos estudantes dessa etapa disseram que não conseguem acompanhar as explicações ou as atividades orientadas pelos professores e, em 2022, um em cada quatro adolescentes matriculados não frequentou as aulas. Daí a urgência de repensar essa fase da Educação Básica, de forma a construir uma escola que dialogue com as demandas e necessidades dos adolescentes.
Um grupo de organizações produziu uma proposta de educação integral para os Anos Finais, com fundamentos e orientações para apoiar as secretarias de educação a promover o desenvolvimento integral dos estudantes. O material mira três esferas: gestão e governança; estruturação administrativa e financeira; e estruturação pedagógica.
As orientações, sugestões e propostas para reformular a abordagem educacional voltada aos adolescentes e para estruturar a política de educação integral estão reunidas em um referencial pedagógico que oferece um arcabouço teórico e prático. O material contribui com a adoção de conceitos e práticas pedagógicas para educação integral e apoia o planejamento da política em escolas regulares ou de tempo integral das redes de ensino.
O documento tem como base diferentes experiências nacionais e internacionais de gestores e professores. Os dados educacionais brasileiros e as evidências científicas levantadas até aqui também guiam as recomendações para conectar escola e alunos.
O conteúdo, coordenado pela Motriz, com realização da Tomara Educação e apoio de Instituto Natura, Fundação Lemann, Instituto Sonho Grande, Itaú Social e Instituto Reúna, também tem o objetivo de fortalecer o engajamento dos estudantes com a escola. Isso passa por reduzir a evasão e o abandono escolar e por desenvolver uma maior equidade na aprendizagem e construir um currículo inovador que respeite a diversidade e promova a inclusão.
Dados de diferentes levantamentos mostram que tanto os índices de aprendizagem quanto a desigualdade (inclusive racial) são gargalos dos Anos Finais. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostrou, por exemplo, que sete a cada dez estudantes que abandonaram a escola nessa etapa eram pretos ou pardos.
Sobre o aprendizado e o repertório dos adolescentes, dados do Saeb mostram que, enquanto 51% dos alunos do 5º ano têm aprendizagem adequada em Língua Portuguesa, no 9º ano esse número cai para 35%. Em Matemática, são 37% dos estudantes com uma aprendizagem adequada no 5º ano e 15% no 9º ano.
Melhorar esses números passa por considerar os Anos Finais como uma etapa singular e complexa, em que os estudantes estão passando por transformações significativas dentro e fora da escola. O referencial pedagógico, bem como o apoio de gestão e administração, partem do entendimento de que os Anos Finais são mais do que apenas uma extensão dos Anos Iniciais ou uma preparação para o Ensino Médio.